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11-12-2023
SC tem 2 empresas a cada mil em recuperação judicial
Índice é o 10º maior entre os estados brasileiros.
O ano de 2023 foi marcado por um grande número de empresas em recuperação judicial no Brasil, como Americanas, 123 Milhas, Saraiva e a SouthRock Capital, conhecida por operar a marca Starbucks no país. Em Santa Catarina, 1,93 a cada 1 mil empresas estão em recuperação judicial, segundo dados da consultoria RGF & Associados. O índice é o 10º maior entre os estados brasileiros.
Conforme o monitor da RGF, no terceiro trimestre do ano, Santa Catarina tinha 236 empresas em recuperação judicial entre as 122.447 analisadas. A maioria delas são de transporte rodoviário de carga, com 22 no total.
Entre as empresas catarinenses que recentemente entraram em recuperação judicial, estão o grupo Portfólio Centro-Sul (PCS), dono do Lages Shopping Center, a empresa de moda Von der Völke, e a Cervejaria Backer, que já foi eleita a melhor cervejaria artesanal do país.
De acordo com o advogado Gabriel Gehres, do escritório Cavalazzi, Andrey, Restanho & Araújo Advocacia, o número de pedidos de recuperação judicial em Santa Catarina é considerado médio para baixo em relação aos outros estados do país. Isso se deve principalmente à diversificação da economia catarinense.
— Há um grande aumento nos pedidos de produtores rurais, por uma modificação da lei, que gera maior demanda nas unidades da federação com atividades altamente voltadas ao agronegócio. No entanto, Santa Catarina é um estado com economia bastante diversificada e sem grandes impactos, até agora, para as indústrias voltadas ao agro — explica o advogado.
Setores com mais empresas em recuperação judicial
- Transporte rodoviário de carga (exceto de produtos perigosos e mudança): 22
- Confecção de peças de vestuário (exceto roupas íntimas e feitas sob medida): 11
- Holdings de instituições não-financeiras: 11
- Comércio varejista de móveis: 7
- Construção de edifícios: 6
Aumento de pedidos de recuperação judicial no Brasil
Entre julho a setembro deste ano, o número de recuperações judiciais no Brasil chegou a 3.872, entre as 2,1 milhões de empresas analisadas no monitor da RGF & Associados. O estado com o maior índice é Goiás.
Conforme o advogado Gabriel Gehres, um dos principais motivos dos pedidos de recuperação judicial neste ano é justamente o efeito cascata causado pela crise em grandes empresas.
— Quando Americanas e 123 Milhas pedem recuperação judicial e a Saraiva, que estava no processo, tem sua falência decretada, os fornecedores dessas empresas, por possuírem créditos a receber, acabam suportando os efeitos do não pagamento e precisam repassar também a seus credores. Além disso, com a SELIC (taxa de juros básica) atingindo seu pico de 13,75%, as empresas acabam tendo maior despesa para obtenção de empréstimos bancários e suportam um custo financeiro mais elevado, o que é mais difícil de repassar ao cliente final — explica o advogado.
Veja índice de recuperação judicial por estado
- Goiás: 5,17
- Alagoas: 4,59
- Pernambuco: 3,65
- Sergipe: 3,59
- Mato Grosso: 3,29
- Rio Grande do Norte: 3,27
- Paraná: 2,51
- Bahia: 2,23
- Rio Grande Sul: 2,08
- Santa Catarina: 1,93
- Paraíba: 1,85
- Tocantins: 1,79
- São Paulo: 1,47
- Espírito Santo: 1,41
- Rio de Janeiro: 1,39
- Ceará: 1,27
- Amazonas: 1,21
- Roraima: 1,21
- Minas Gerais: 1,20
- Distrito Federal: 1,18
- Mato Grosso do Sul: 1,04
- Pará: 1,02
- Acre: 0,62
- Piauí: 0,53
- Maranhão: 0,52
- Roraima: 0,31
- Amapá: 0,22
Recuperação judicial resulta em falência?
Apesar de indicar um grave sinal de crise, o pedido de recuperação judicial não resulta necessariamente em falência da empresa, pelo contrário. Isso porque o instituto de recuperação permite uma reestruturação completa da atividade, inclusive trazendo maior garantia àqueles que fornecerem produtos ou créditos após o pedido, como destaca o advogado Gabriel Gehres.
— Aqui no escritório, nosso histórico é de encerramento do processo de recuperação judicial sem a decretação de falência. Muito disso se deve à condução da reestruturação de forma séria e adequada, e utilização da recuperação judicial como um meio de superação da crise, e não como medida para evitar a falência, apenas — explica.
Entre as empresas que conseguiram sair da recuperação judicial em Santa Catarina neste ano, estão a Reunidas S/A Transportes Coletivos e Transportadora Rodoviária de Cargas, de Caçador, e a Dânica, tradicional indústria de termoisolantes com sede administrativa em Joinville.
Fonte: NSC Total.