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20-08-2014
MMX poderá ter de pedir recuperação judicial
O futuro da MMX, mineradora de Eike Batista, pode culminar em uma recuperação judicial seguindo os passos de outras duas companhias do empresário: a OGPar, antiga OGX, e a OSX No Entanto, a preferência ainda é pelo arrendamento ou venda das unidades que restam da MMX depois que a empresa se desfez do controle, em fevereiro, do seu principal ativo: o Porto Sudeste, em Itaguaí (RJ). São essas as opções que estão concentrando a atenção do time da Angra Partners, que faz a gestão, para a reestruturação, do grupo EBX.
Embora haja várias alternativas sobre a mesa sendo analisadas, a recuperação judicial é uma possibilidade, uma opção, em uma conjuntura desfavorável para a empresa em 2014. O cenário de queda nos preços do minério de ferro e o fato de a MMX ter situação ajustada de caixa colocaram a mineradora de Batista em posição delicada, justamente quando a empresa buscava compradores para os seus ativos. Ontem, a ação da MMX fechou a R$ 1,06, queda de 10,16%, a maior baixa do Ibovespa. No ano, a ação acumula perda de 74,76%.
Desde o fim de julho, a MMX anunciou medidas que podem ajudar a dar fôlego à companhia. Uma delas foi o fechamento de contrato de arrendamento de direitos minerários da MMX em Corumbá (MS) para a Vetria Mineração, controlada pela América Latina Logística (ALL), por US$ 500 mil ao ano. O primeiro pagamento está programado para o quarto mês após o anúncio. A mina de Mato Grosso do Sul tem capacidade produtiva de 2 milhões de toneladas anuais. No começo de agosto, a MMX informou que Batista irá transferir 10,52% do capital que detém na mineradora para o Mubadala, de Abu Dahbi. A transferência faz parte da reestruturação do investimento do grupo árabe na holding EBX, de Batista.
A negociação com Mubadala tem condições precedentes a serem cumpridas e até agora não se traduziu em caixa novo para MMX, empresa da qual Batista tem mais de 57% do capital. Mas o Valor apurou que Batista aportou R$ 10 milhões na MMX. E também houve empréstimo de US$ 20 milhões do consórcio Trafigura -Mubadala, que comprou o Porto Sudeste, para a subsidiária MMX Sudeste. Essa empresa controla duas minas no Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais: Serra Azul e Bom Sucesso.
Essas minas, com capacidade de produção de 8,7 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, ainda não têm o futuro definido. Em novembro de 2013, a MMX promoveu revisão do valor do ativo em seus livros, fez um "impairment" ao chegar à conclusão que não via perspectiva de recuperar o ágio pago nas aquisições nem com a venda das minas e nem com sua exploração. Foi um ajuste de R$ 913 milhões, sendo R$ 599 milhões referentes à Serra Azul e R$ 314 milhões, à Bom Sucesso.
A MMX terminou o primeiro trimestre do ano com caixa líquido de R$ 86,7 milhões. De janeiro a março, a empresa teve prejuízo de R$ 69,2 milhões. Os resultados do segundo trimestre serão divulgados em 15 de outubro, depois do prazo para divulgação dos dados.
Uma fonte disse que para operar em nível próximo do equilíbrio, no atual cenário de preços do minério, a MMX depende de recursos de terceiros. A empresa estuda medidas operacionais para baixar custos. A MMX também vem tentando achar compradores para a mina de Serra Azul e haveria propostas sendo analisadas, mas nenhuma delas que leve a um compromisso definitivo de compra-venda. É importante, no caso da MMX, que os interessados tenham escala, o que ajuda a ampliar a rentabilidade. O cenário do preço do minério de ferro não tem contribuído para que os negócios sejam fáceis ou rápidos.
O minério de ferro foi negociado ontem a US$ 93 a tonelada no mercado à vista da China, o menor preço desde 20 de junho. O preço médio no ano está em US$ 108, 20% abaixo dos US$ 135 de 2013. E os preços não devem voltar mais a patamares "exuberantes" como há dois ou três anos. Nesse ambiente adverso, a MMX mantém paralisado seu projeto de expansão de Serra Azul. A meta original era expandir a mina para 29 milhões de toneladas ao ano, projeto depois reduzido para 15 milhões de toneladas. No primeiro trimestre, a MMX produziu 1,38 milhão de toneladas.
Por Graziella Valenti e Francisco Góes, de São Paulo e do Rio(colaborou Olivia Alonso).
Fonte: http://www.valor.com.br/empresas/3660370/mmx-podera-ter-de-pedir-recuperacao-judicial